Regulação

No Reino Unido assistiu-se hoje a mais um salvamento de um banco pelo estado – O Royal Bank of Scotland.

De acordo com declarações prestadas pelo Primeiro-Ministro Gordon Brown e cito noticia do Financial Times – “Almost all their losses are in subprime mortgages in America and related to the acquisition of ABN Amro. These are irresponsible risks taken by the bank with people’s money in the UK,” Mr Brown said, adding that the decision to buy ABN ”was wrong”.

Para acabar com as especulações sobre como o dinheiro dos contribuintes ingleses iria ser aplicado no banco foi ainda adiantando “Denying that he was ”writing a blank cheque” for the banks, Mr Brown said the steps were necessary to revive lending in the economy and compensate for retrenchment of the world’s banking system.”

Depois de toda a imprensa especializada ter apontado como principal responsável da crise financeira Alan Greenspan, homem que acreditava que a regulação dos produtos financeiros que estiveram na origem do colapso financeiro não era necessária e por conseguinte a mão invisível do mercado deveria equilibrar o funcionamento desses produtos, ainda não foi apresentada uma única ideia sobre o assunto. Muito se tem falado que é necessária regulação, mas ninguém explica que regulação é necessária e em que moldes funcionará. Pedro Passos Coelho em entrevista à TSF neste último fim-de-semana também era da opinião eram necessários instrumentos de regulação. E dizia-o de uma forma que sabia muito bem o que estava a dizer. Com toda a certeza e confiança.

O que importa saber dos órgãos que têm o poder para intervir nos mercados financeiros é então qual o modelo que será adoptado.

Curiosamente Alan Greenspan acreditava que a regulação era de difícil aplicação porque a volatilidade da composição dos produtos era de tal ordem que uma avaliação efectuada de manhã não reflectia o valor do produto de tarde, tal era a complexidade na forma como se encontravam estruturados. Esta é a única razão pela qual o antigo governador da reserva federal Norte Americana acreditava que não havia regulação possível e que tinha de ser o mercado a escolher o que era bom ou era mau pelos resultados alcançados.

Alan Greenspan cuja educação e experiência profissional assentava em fortíssimos alicerces matemáticos duvidava que se pudesse construir um modelo matemático capaz de efectuar tal avaliação.

A questão que se coloca é que se deveria começar a pensar seriamente entre o equilíbrio do mercado financeiro e as garantias patrimoniais das pessoas ou simplesmente deixar o mercado funcionar. As declarações do primeiro-ministro Inglês são claras ao chamar a actuação do banco como sendo irresponsável.

Numa altura em que já existem em Portugal casos de empresas de referência como a Silva & Sistelo (já entrou em colapso) e a Aerosoles (a caminho de fechar), bem como as restantes que estão a passar por grandes dificuldades económicas, pondo em risco o funcionamento da economia Portuguesa e em último caso postos de trabalho, começa a ser muito difícil aceitar a injecção de capital que foi feita com dinheiro dos contribuintes pela Caixa no BPN.


Nota: O Royal Bank of Scoland continua a ser o patrocinador principal da equipa de Formula 1 Williams, pelas fotos do modelo FW 31 que foi hoje apresentado no Autódromo do Algarve. Estranho não é?

Comentários

Anónimo disse…
NO MEU ENTENDER A REGULAÇÃO DOS MERCADOS É COMO A ARBITRAGEM NO FUTEBOL. O MERCADO MEXE COM MUITOS INTERESSES E O SUPOSTO ÁRBITRO NORMALMENTE COME À MESMA MESA DOS OPERADORES DO MERCADO.

OS FUDAMENTALISATS LIBERAIS DO PENSAMENTO ÚNICO E ADORADORES DO DEUS MERCADO TÊM DE REFAZER O CIRCUITO DO PENSAMENTO PORQUE, INFELIZMENTE, A ÉTICA JÁ NAO COMANDA O MERCADO MAS SÓ E APENAS OS INTERESSES PESSOAIS DOS GESTORES EM NOME DO SUPOSTO INTERESSE DOS ACCIONISTAS, AGORA STAKEHOLDERS

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