Impunidade? Só em Portugal...




Nem mais! Leiam abaixo:

João Querido Manha: O incrível Guerrero in record

Se Hamburgo fosse Portugal, o jogador Paolo Guerrero já sabia que iria sofrer uma suspensão da Liga entre 1 a 4 jogos, por ter atirado com uma garrafa de água a um espectador, mesmo à entrada do túnel do seu estádio. Com parecer jurídico de algum catedrático, talvez lhe conseguissem reduzir a suspensão, considerando que foi provocado de forma acintosa e inaceitável pelo público agredido. Porque, pela luso-jurisprudência desportiva, quem levar provocações para casa não é filho de gente fina.

Embora não restem dúvidas que, apesar da barreira de "stewards" à entrada do túnel, foi à cabeça de um elemento do público que ele fez pontaria, o problema de Guerrero é Hamburgo situar-se no Norte da Alemanha e pertencer à Bundesliga, o mais sério, competitivo e transparente campeonato nacional de futebol.

Por enquanto, não se conhece o castigo a aplicar-lhe pela Bundesliga, mas não deixará de servir de azimute aos sucessores de Hermínio Loureiro que pretendam rever, mais uma vez, os regulamentos da Liga. Sempre pouparia trabalho ao Conselho de Justiça da FPF, para não ter de andar a cirandar pela Europa quando voltar a necessitar de exarar uma incrível sentença à medida dos clientes, como aconteceu recentemente com o notável acórdão de reabilitação do obscuro Sapunaru e do cintilante Hulk.

Pode até acontecer que os alemães, intransigentes defensores da verdade desportiva, apresentem soluções mais favoráveis a um jogador que agrida o público e não sejam tão radicais contra o que, por incrível exagero, no futebol português ainda se considera uma "infração leve".

Para já, o azar do avançado peruano em relação à cidade e país que escolheu para desenvolver a profissão vê-se nas duas sanções (públicas) absolutamente desproporcionadas e inaceitáveis, à mesura da jubilada justiça desportiva portuguesa:

1 - Mal tinha atravessado o túnel e chegado à cabina, já o presidente do clube, um tal de Bernd Hoffmann, mostrando não ter perfil para dirigir qualquer emblema em Portugal, aparecia aos jornalistas a dizer que o ato de coragem do incrível peruano era "totalmente inaceitável" e que Paolo Guerrero iria "pagar as relevantes consequências", acrescentando ainda um inaceitável comentário: "Isto não cabe no futebol."

2 - E no dia seguinte, de cabeça fria, o próprio Paolo Guerrero teve de se chegar à frente e, com um nó na garganta, procurar minorar os custos da corajosa agressão em entrevista à televisão do clube, pedindo desculpa repetidamente pelo seu incrível comportamento.

Aos olhos da justiça desportiva portuguesa, Paolo Guerrero seria um grande herói digno do nome e da linhagem. Tivesse ele escolhido um clube, um estádio e "público" lusitanos, e não só não teria de pedir desculpa a ninguém, como ouviria a sua incrível reputação cantada por vinte ou trinta mil adeptos, mereceria toda a compreensão e reconhecimento de treinadores, dirigentes e comentadores encartados e, eventualmente, não deixaria de ser recompensado com melhoria contratual e uma cláusula de rescisão digna de um peso-pesado. Poderia até receber o cinturão de incrível, mas autêntico, campeão do túnel.

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