BPP


Acaba de ser anunciado ontem pelo Ministro das finanças que o estado não vai intervir definitivamente no BPP e por conseguinte o Banco vai entrar em falência lenta.

O ministro Teixeira dos Santos admitiu que o dinheiro dos contribuintes não iria ser gasto no banco porque não existe nenhum interesse público que justifique a intervenção.

Partindo do pressuposto difícil de aceitar porque até hoje ninguém entendeu qual o interesse que esteve por detrás da intervenção no BPN (o motivo nunca foi explicado) recomenda-se a leitura atenta deste livro, Street Fighters que relata as últimas 72 horas do famoso banco Americano Bear Stearns.

Este banco foi comprado pelo J.P. Morgan Chase a um preço por acção de 2 dólares (claramente subavaliado) após no final de um dia de operação (quinta-feira) os responsáveis do Bear Stearns terem chegado à conclusão que não tinham recursos financeiros para realizar as operações na praça.

A lição a reter da leitura deste livro é seguinte: num país como os estados Unidos da América o regulador, a Reserva Federal, sabe efectuar avaliações de risco (temos de ter atenção à dimensão do problema não comparável à Portuguesa) e injectou fundos para permitir operar na sexta-feira com a condição que até ao Domingo seguinte o Banco iria encontrar um comprador, caso contrário tinha de abrir falência, assumindo as consequências que poderiam ocorrer nos mercados financeiros. Para esse efeito diligenciou junto de várias instituições no sentido da concretização do negócio e acompanhou o estado do desenvolvimento da operação em tempo real. Tudo aconteceu sem burburinho e na Segunda-feira seguinte o mercado recebia a noticia da compra do banco.

Na concretização do negócio há ainda um passo de mágica executado pela Reserva Federal: ciente que existia uma probabilidade muito elevada do negócio não se concretizar devido ao facto dos activos do Bear Stearns terem-se evaporado (estavam contaminados com activos tóxicos e fundos de elevado risco que não tinham qualquer valor de mercado) compensou o comprador pelo risco assumido com a injecção de fundos a titulo de empréstimo por forma a que este pudesse fazer uma oferta por acção baixo face ao valor normal de mercado e não ter de desembolsar uma soma mais avultada para aquisição do banco, tendo negado esse mesmo empréstimo ao Bear Stearns, quando no Domingo as negociações estavam num impasse, conseguindo convencer a aceitar a péssima proposta de compra ou caso contrário o banco iria enfrentar a falência.

Ora em Portugal continuamos a assistir a uma supervisão decadente que aos sinais de problemas nas instituições financeiras nada faz e não actua (nos Estados Unidos, quando são detectados sinais de alarme a Reserva Federal nomeia responsáveis que diariamente acompanham o desenvolvimento das operações da instituição afectada antes de tomar mais decisões) a um governo que não quer ter a coragem de tomar uma decisão final sobre o assunto (irá ser tomada já na próxima legislatura à boa maneira Portuguesa) e não medeia uma situação para encontrar um potencial interessado na resolução do problema.

Este livro vem trazer muita luz sobre esta temática e recomenda-se a sua leitura para que não continuemos a ser iludidos.

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