Espelho meu Espelho meu

Na semana passada, um artigo publicado no Publico dava conta o excelente relacionamento entre Cavaco Silva, Presidente da República e José Sócrates Primeiro-Ministro. O artigo aprofundava o modelo de relacionamento entre as duas figuras de estado e de que forma isso contribuía para a estabilidade governamental e bem-estar político do país. No mesmo artigo era ainda efectuada comparação com o relacionamento tenso entre o então Primeiro-Ministro Cavaco e o Presidente Mário Soares.
Este artigo cheirava a branqueamento.
Neste Sábado fui surpreendido com uma notícia do Expresso, onde era abordado o estreitamento ente a Confederação do Comercio Português e a CGTP para efectuar em conjunto uma greve geral. Pela primeira vez em Portugal desde que há memória patronato e sindicatos unem-se contra o governo e o estado das coisas. Isto é sintomático.
Durante a passada semana a OCDE publicou um estudo onde demonstrava que Portugal perdeu 3% de poder de compra nos últimos 4 anos.
Este Sábado Mário Soares, insurgiu-se contra o mau governo de José Sócrates cujos estilo de governação tem contribuindo para as desigualdades sociais. O próprio disse que Sócrates não é filho de António Guterres (é pena que só agora tenha chegado a tal conclusão) e que lhe falta capacidade de diálogo com os parceiros sociais. Na falta de oposição, Mário Soares teve de assumir este papel e enfiou uma bala na perna de Sócrates.
Curiosamente esta semana tive a necessidade de efectuar um conjunto de entrevistas a pessoas que pretendiam ocupar um posição na empresa onde trabalho e constatei que pessoas da minha idade, desempregadas, tinham dificuldade em arranjar emprego. Estavam paradas há algum tempo. Umas oriundas de grandes empresas que tiveram de reestruturar e despedir gente, outras porque fecharam.
O Primeiro-ministro anunciou esta semana que iria construir uma auto-estrada entre Amarante e Bragança com ligação à fronteira, com direito a túnel na serra do Marão. Ora o que país mesmo precisa neste momento é mais de uma auto-estrada.
Cavaco e Sócrates dão-se muito bem, porque ambos têm o mesmo estilo de governação: apostam no betão, não ouvem os parceiros (no tempo da primeira greve geral de Cavaco o próprio disse na altura aos jornais que tinha comido pão fresco e que não tinha dado conta da greve) e ignoram a necessidade resolução dos problemas sociais.
Aquilo que nos pareceu um bom instrumento para que fossem levadas a cabo as reformas que o nosso país pede há muito não nos serve de nada. O bom relacionamento entre Cavaco e Sócrates apenas nos leva mais ao fundo. Cavaco se fosse Primeiro-Ministro faria exactamente mesma coisa combatia obsessivamente o défice, abria estradas e lá tentava fazer qualquer coisinha pelos reformados e lançar mais um programa de reforma da função pública. É por causa disso que eles se dão tão bem.

Comentários

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