Ser guru não custa

Outro dia, estive a ler uma crónica do arquitecto do jornal Sol (por acaso o jornal é muito fraquinho) sobre a problemática dos comentadores e dos gurus. O tema era sobre o apoio do presidente da república ao primeiro-ministro. Dizia o arquitecto e com razão, que anos antes alguns famosos comentadores políticos se contradiziam completamente sobre a forma de como deveria ser a actuação do presidente da república face a governação do governo e demonstrava que tínhamos um conjunto de ilustres anormais a opinar sobre política nos jornais e televisão tentando induzir a mente da população sobre os mas variados temas (eles também se esquecem que a maioria da população fala sobre a empregada, os filhos, o guisado e o penálti que ficou por assinalar).

Ora sobre os gurus é quase a mesma coisa.

Os gurus são pessoas que exerceram a sua função de consultor ou conselheiro durante largos anos em empresas de renome e depois se entretêm a escrever uns livros sobre a experiencia vivida. Alguns, poucos, lá explicam os métodos de trabalho e vão dando uns exemplos de como aplicar as suas magias.

A DELL é (foi?) um caso de sucesso na distribuição de computadores pessoais e que levou a IBM a abandonar o negócio vendendo-a à Lenovo. A DELL era apenas um intermediário de encomendas, o fabrico a distribuição e a assistência a clientes era toda dada fora, apenas efectuavam o controlo de toda a cadeia de valor através de indicadores que lhes davam a perspectiva de desempenho de todos os processos. A DELL acabou com o inventário obsoleto e contribuiu para a diminuição dos preços das máquinas. A DELL hoje enfrenta problemas graves devido a problemas com as baterias dos computadores portáteis fornecidas pela SONY. Essas baterias aqueciam de tal forma que podiam criar queimaduras, por outro lado, os computadores tornaram-se tão sofisticados que os livros de instruções não conseguem por uma pessoa de 40 anos a conseguir trabalhar com ele. Como o serviço de apoio ao Cliente é indiano ou vietnamita, as pessoas do outro lado da linha também não estavam preparadas para conseguir responder às questões dos clientes, enfurecendo-os. Rapidamente o negócio foi pelo cano e hoje o próprio Michael Dell reconhece que a empresa está de castigo e que tem de repensar o modelo de negócio.

Uma grande parte dos gurus falam sobre barbaridades desta natureza, o problema é que quando a coisa dá para o torto lá se vai a retórica argumentativa, é um pouco como os comentadores políticos que o arquitecto falava na sua crónica.

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